C+ Future ESG: confira os principais insights do encontro

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A Copastur, biosfera de marcas especializada em viagens corporativas, eventos e outras jornadas, em parceria com a Lufthansa Group, realizou nesta terça-feira (16) um encontro que reuniu líderes empresariais, ambientais e especialistas para debater o papel do setor corporativo na agenda ESG (Ambiental, Social e Governança), em um momento estratégico de preparação para a COP 30.
O evento aconteceu em São Paulo e contou com painéis, apresentações e palestras no formato Talks, trazendo perspectivas sobre como empresas podem alinhar suas práticas a um futuro mais sustentável, justo e regenerativo, além de destacar a importância da preparação do setor privado para os debates da COP 30. “O planeta vai sobreviver com ou sem humanos. Se quisermos continuar existindo juntos, precisamos fazer alguma coisa”, ponderou Edmar Mendoza, CEO da Copastur, durante a abertura do evento, destacando a urgência de ações concretas por parte do setor corporativo.

Painel de debate sobre tendências ESG: o pragmatismo das ações

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O evento iniciou com um painel sobre tendências ESG no mercado brasileiro, mediado pela jornalista e socióloga Lia Rizzo, que promoveu um diálogo entre Juan Domingues, ativista socioambiental e Head de Relacionamento e Causas no Sistema B Brasil, Elaine Dantas, CHRO da Copastur, e Annette Taeuber, Diretora geral Lufthansa Group e SWISS para o Brasil.

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Annette Taeuber ressaltou a importância de reconhecer responsabilidades como companhia aérea: “Primeiro, é preciso assumir a sua responsabilidade na sociedade. Uma companhia aérea, obviamente, tem um impacto no meio ambiente. E é com isso que você tem que lidar”. Ela destacou que a Lufthansa Group foi a primeira do setor aéreo mundial a estabelecer metas baseadas em ciência, certificadas pelo Science Based Targeted Research. Também lembrou que a preocupação com sustentabilidade não é recente: em 1994, a companhia publicou seu primeiro relatório de responsabilidade corporativa.

Juan Domingues, do Sistema B, trouxe a perspectiva da colaboração empresarial: “Eu acredito muito na organização coletiva. Para mim, ESG em simplicidade é quase o que o mundo tem que fazer para coexistir no espaço em que estamos hoje”. Ele ressaltou que as empresas que demonstraram ter mais impacto social positivo foram as que melhor se recuperaram das últimas crises econômicas, incluindo a pandemia de COVID-19.

Elaine Dantas enfatizou que “O ESG deixou de ser um diferencial para se tornar um requisito estratégico de negócios. Este evento serve para inspirar empresas a fortalecerem suas práticas e, assim, gerarem valor para clientes, pessoas colaboradoras e para a sociedade”. Um dos valores da Copastur é justamente o impacto socioambiental.

Lia Rizzo conduziu a discussão destacando a maturidade crescente das empresas em relação ao tema: “Há muita crítica, mas o que venho percebendo é uma discussão mais pragmática sobre os tempos que temos para fazer as transições.”

Representatividade e liderança feminina na Copastur

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Tatiana Silva, gerente de operações da Copastur, representando os 54% de cargos de liderança ocupados por mulheres na empresa, fez um chamado emocionante à ação. “A maior ameaça à humanidade é a crença de que alguém vai salvá-la”, citou, referenciando Robert Swan, ativista ambiental.
“Se desejamos um futuro diferente, precisamos agir agora, hoje, no presente. Não é com discursos, mas sim com escolhas conscientes e coragem para agir”, destacou Tatiana, enfatizando que a resposta que daremos às futuras gerações será o mundo que deixarmos para elas.

C+ Future ESG aposta em talks que mesclam saberes tradicionais e corporativos

A voz das Tupinambás

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O ponto alto da noite foi a participação emocionante de Jennyfer e Naiá Tupinambá. Em uma poderosa demonstração de conexão com o público, Jennyfer iniciou pedindo que a plateia levantasse a mão conforme ela enumerava violências históricas sofridas pelos povos indígenas: “Levante a mão, se já invadiram sua casa, se instalaram sem convite. E ainda disseram que era terra sem dono. Levante a mão, se a sua existência já foi negada.”
O momento provocou uma profunda reflexão sobre os desafios enfrentados pelos povos originários. Jennyfer ainda apresentou um marco histórico: “O primeiro artefato indígena repatriado é o manto Tupinambá, de 336 anos que estava na Dinamarca e o Brasil trouxe de volta. Essa é a prova de que nós sempre estivemos e estaremos sempre aqui nesse país.”

Naiá Tupinambá seguiu a apresentação com dados impactantes de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO): “Nós, povos indígenas, somos os maiores guardiões da biodiversidade do planeta. Somos apenas 5%, mas protegemos 80% da biodiversidade mundial, explicou, ressaltando a importância dos territórios indígenas na preservação ambiental: “Vocês sabem qual é a principal proposta do movimento indígena hoje para o enfrentamento das mudanças climáticas? É a demarcação dos territórios. Os territórios indígenas, comprovadamente pela ciência, são os mais preservados hoje no Brasil.”

No contexto do turismo, Naiá apresentou números reveladores do Ministério do Turismo do Brasil e do Relatório Booking.com de Viagens Sustentáveis: “O ecoturismo já movimenta mais de 37% do turismo mundial e 29% dos viajantes escolhem destinos mais sustentáveis. No Brasil, turistas estão dispostos a pagar, em média, 21% a mais por produtos alinhados com a sustentabilidade.”
Ela encerrou com uma reflexão poderosa: “O turismo pode ser vetor de destruição ou de conservação. O turista do futuro vai perguntar qual é o impacto da sua viagem no planeta e nos povos daquele território. Turismo é, acima de tudo, um exercício de responsabilidade com uma terra, uma cultura e uma vida.”

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Acessibilidade como pilar do ESG: Jessica Paula

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Jessica Paula, jornalista e consultora em acessibilidade, fundadora do Passaporte Acessível, trouxe uma perspectiva crucial sobre inclusão. Utilizando suas próprias muletas roxas como exemplo prático, ela destacou que pessoas com deficiência representam um segmento significativo de consumidores com alto poder aquisitivo. “Um terço da população com deficiência tem uma renda superior a cinco salários mínimos. A maioria tem uma renda superior a seis salários mínimos. Isso significa que são pessoas que trabalham em empresas como as de vocês”, explicou.

Jessica apresentou um dado impressionante: somando pessoas com deficiência, idosas, obesas, com dificuldade de locomoção, famílias com carrinhos de bebê e gestantes, chegamos a 55% da população que necessita de recursos semelhantes de acessibilidade. “Como transformar o ESG sem avançar na acessibilidade? Se eu coloco um ônibus elétrico, mas ele não tem acessibilidade, você força essa parte da população a utilizar veículos individuais. O ESG é uma escolha, mas antes disso, eu preciso pertencer àquele lugar para poder ter essa escolha”, ponderou.

Todo o evento contou com intérpretes de Libras mulheres da SignumWeb, empresa criada por um surdo, reforçando a acessibilidade e a importância da representatividade.

O G que dá liga ao ESG: Christiane Bedini

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Fechando as apresentações no formato Talk, Christiane Bedini chamou atenção para um pilar muitas vezes esquecido: a Governança. “O G que eu vou comentar não é de glamour. Ele é o elo de tudo isso que estamos conversando, mas muitas vezes é um elo perdido. Vocês percebem que o G fica nos três pontinhos – a gente fala do E, do S… Ninguém aborda o G”, provocou.

Bedini destacou ainda que a governança trata essencialmente de “gestão de poder, estrutura de cultura, decisão, uma construção que sustenta a arquitetura institucional”. Segundo ela, não basta criar políticas, códigos e treinamentos: “A parte mais difícil é implementar. São as atitudes do dia a dia, é a gente enxergar que as mudanças estão acontecendo, que as pessoas estão assumindo responsabilidades. Governança é pensar nas diversidades, inclusive a diversidade cognitiva”, destacou, questionando a efetividade de comitês em que todas as pessoas pensam da mesma forma. “Por que você vai ter um comitê se está todo mundo pensando igual? Quem vai fazer as perguntas?”


A advogada encerrou sua narrativa com uma importante reflexão: “ESG em políticas, ESG por ESG pode ser só uma narrativa. E se for só uma narrativa, vai cair na inconsistência. Mas enquanto ESG que é cultura, cultura impulsiona ações positivas.”

Medidas práticas e compromissos do setor de viagens

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Durante o painel, foram apresentadas iniciativas concretas que a Copastur e a Lufthansa estão implementando:
A Copastur desenvolveu o Green Travel, uma metodologia própria para emitir relatórios detalhados para que clientes tenham noção da emissão de carbono em seus trechos de viagem, além de calcular a quantidade de mudas necessárias para compensar essas emissões.
Em 2024, a Copastur compensou as emissões de carbono de seus grandes eventos.
A Lufthansa criou as “Green Fares”, tarifas que incluem 20% de SAF (combustível sustentável de aviação) em voos curtos e 10% em voos intercontinentais.
A tecnologia Aeroshark da Lufthansa, que reduz 1% das emissões, está sendo compartilhada com outras companhias como a LATAM

Os presentes puderam ainda desfrutar de um coquetel com sabores da Amazônia, destacando ingredientes sustentáveis e valorizando a gastronomia regional brasileira, enquanto realizavam networking em ambiente descontraído.

Compromissos para a COP 30

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Além de todos os benefícios para o planeta e a sociedade, o C+ Future ESG também reforçou como práticas de ESG podem impulsionar reputação, engajamento e geração de valor, e destacou a importância da preparação do setor privado para os debates da COP 30.
“A COP 30 é a conferência que deve ter maior participação dos povos indígenas, e é por isso que nós acreditamos e apostamos nela. É o epicentro para colocar a Amazônia como o centro da decisão climática mundial”, destacou Naiá Tupinambá.
Annette Taeuber reforçou a necessidade de soluções regulatórias que acelerem a produção de combustíveis sustentáveis de aviação, essenciais para o futuro do setor. Juan Domingues acrescentou que “a gente precisa ser ativista social, ativista climático, trazer outras pessoas para essa história.”

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