O que você vai ler neste texto:
Toggle
Na última quinta-feira (21), a Copastur transformou o Espaço Brasilidades em um verdadeiro laboratório de ideias e soluções sustentáveis ao sediar o Café B com o tema “Liderança Orientada ao Impacto para Ecossistemas Vivos: o Futuro das Empresas B”. Realizado em um dos prédios mais sustentáveis de São Paulo, o encontro foi um sucesso e marcou um novo capítulo para o movimento do Sistema B no Brasil.
Em uma manhã transformadora, representantes de empresas certificadas ou em processo de certificação B, especialistas em ESG e pessoas multiplicadoras B se reuniram para compartilhar experiências e debater iniciativas regenerativas para o planeta e a sociedade. Saiba mais e confira os principais destaques do evento!
#PraCegoVer: todas as fotos possuem texto alternativo com descrição de imagem

Sustentabilidade em ação no Sistema B: a abertura
Elaine Dantas, CHRO da Copastur, abriu o evento estabelecendo a reflexão do dia: “Nos últimos anos, ficou claro que os modelos mais tradicionais de gestão não respondem mais aos desafios atuais. Liderança orientada ao impacto exige escuta ativa, visão sistêmica e compromisso de longo prazo. Isso não é moda, é sobrevivência”.
Antes de lançar o questionamento que ecoou durante toda a manhã – como sua empresa tem impactado o mundo hoje? –, ela reforçou o compromisso da Copastur com o Sistema B. “Sendo uma Empresa B certificada, passando pelo processo de recertificação, sabemos que o lucro é importante, mas o propósito está à frente de tudo isso. E essas duas coisas podem caminhar juntas”, afirmou.

Do Cine Quebrada ao mundo corporativo: ESG na prática
A emoção já veio logo no começo, com o relato de Maurício Santos, Gerente de Customer Success na Copastur, que contou mais sobre a sua trajetória e o Cine Quebrada, que hoje impacta mais de 350 pessoas por semana com 8 salas e 15 atividades: “Não tenho MBA em nada. Minha formação é totalmente prática, porque, além da minha jornada aqui na Copastur, sou líder de um projeto social que nasceu em Guaianases, na minha comunidade, na periferia de São Paulo”.
Foi nesse espírito de cooperação que a Copastur abraçou o Trilhando Futuros, iniciativa que já formou 18 jovens até hoje (estando 3 já no mercado de trabalho) e, no ano passado, ganhou uma sala de informática no Cine Quebrada com mais de 100 equipamentos. “Às vezes, a gente não precisa criar estratégias ou planos grandiosos para conseguir impactar positivamente a vida das pessoas. Basta a escuta ativa, estar presente e entender as pequenas necessidades e o que cada um pode fazer”, relembrou.
É o Sistema B na prática: negócios que combinam lucro e transformação socioambiental. Maurício também apresentou melhor a Copastur, uma biosfera de marcas e agência 360 com mais de 25 serviços e produtos que vão além do turismo, e revelou um novo projeto desenvolvido especialmente para Empresas B: expedições imersivas com propósito, somente com parceiros e fornecedores com certificação B, garantindo viagens de incentivo que geram impacto positivo nas comunidades locais e na natureza.

Organizações vivas no Sistema B: a natureza como inspiração
Ao trazer a provocação central do encontro, Gabriela Rodrigues, Líder de ESG e Qualidade na Copastur, fez uma analogia poderosa sobre enxergar organizações como ecossistemas vivos: “Sempre recorro à natureza para trazer respostas. Para que uma árvore complete seu ciclo, ela precisa de água, luz, pássaros, insetos e vários outros aspectos. Ela não produz frutos sozinha. Se alguma dessas relações adoece, todo o ecossistema sente. Nas empresas, isso funciona da mesma forma”.
Essa visão sistêmica é a base do Sistema B, que reconhece que uma empresa deve estar interconectada a todos os seus stakeholders – pessoas colaboradoras, comunidade, meio ambiente, parceiros e clientes. “A liderança precisa decidir com consciência, alinhar seu discurso à prática e entender que o impacto não surge apenas nos relatórios, mas no que se transforma nos bastidores. Nossas pequenas decisões diárias influenciam tudo”, complementou Gabriela.
Painel de lideranças conectadas ao Sistema B: insights transformadores
O painel reuniu quatro vozes inspiradoras conectadas ao Sistema B: Edmar Mendoza Bull, CEO da Copastur, uma das poucas Empresas B no turismo; Letícia Lenzi Bressiani, cofundadora da Flora Consultoria, multiplicadora B e especialista em atração e desenvolvimento de lideranças para o setor de impacto; Helena Do Val, Global Shaper do World Economic Forum, multiplicadora B e consultora de negócios de impacto e projetos de educação socioambiental; e Cinthia Gherardi, codiretora executiva do Sistema B Brasil, a organização que representa o movimento de Empresas B no país, e especialista em estratégia climática e liderança regenerativa.
Mediado com maestria por Adrielly Honório, Analista de Diversidade e Inclusão na Copastur, afroindígena e alagoana com orgulho, o debate trouxe reflexões profundas sobre liderança orientada ao impacto, desafios climáticos e conscientização socioambiental. No começo, todas as pessoas participantes fizeram sua autodescrição e falaram quais são seus pronomes. Adrielly também contribuiu em vários momentos e compartilhou sua visão de RH transformador: “O termo ‘recursos humanos’ reduz pessoas a recursos. Já ouvi uma vez ‘realização humana’ e essa expressão faz muito sentido”. Para exemplificar o compromisso prático da Copastur com cada detalhe, ela revelou que mais da metade dos itens do menu do evento eram vegetarianos e veganos e que o buffet escolhido garante compensação de carbono. Os resíduos gerados foram encaminhados para reciclagem.
Viagens com propósito: um meio para acessar outras realidades
Edmar Mendoza, CEO da Copastur, abriu o painel relatando como certas viagens ampliaram sua visão de mundo: “Acredito que vivenciar outras realidades e senti-las de fato é muito importante. Em uma viagem à Amazônia, passei dias com uma comunidade indígena ribeirinha, dormindo na rede e acompanhando sua rotina. Fez toda a diferença, porque vi seu cuidado com a floresta e como cada um assume naturalmente seu papel de agente de transformação. […] Em muitos destinos, grande parte da renda depende do turismo. Como um negócio com décadas de atuação, na Copastur sempre pensamos no que podemos criar em conjunto para gerar impacto positivo também”.
Pai de um menino e de uma menina, Edmar refletiu sobre o legado que quer deixar para seus filhos. Além disso, para ilustrar a importância do monitoramento contínuo, comparou a jornada corporativa ao dispositivo que utiliza para acompanhar seu sono, estresse e recuperação. “Se uma noite durmo mal, no dia seguinte preciso ajustar meus hábitos. Uso a tecnologia para receber esses alertas. Devemos aplicar o mesmo princípio nas empresas: monitorar diariamente resultados das ações e seus impactos, trazendo disciplina e clareza ao nosso trabalho”, completou.
Leia também: Empresa B: como a Copastur contribui com o mundo na prática
Liderança regenerativa vs. liderança tradicional
Letícia Bressiani traçou uma distinção clara: “O líder regenerativo se vê como parte de um todo, integrado a um sistema maior. E, dentro da organização que representa, consegue perceber que está a serviço da vida e da sociedade, não da geração de lucro a qualquer custo”.
Na Flora Consultoria, Empresa B Pendente, os processos seletivos foram reformulados. “Passamos a nos conectar muito mais com o ser humano, conduzindo a conversa de modo a realmente compreender os valores, a essência por trás do cargo e do currículo no LinkedIn. Adotamos uma entrevista mais estruturada, focada em competências e nos desafios enfrentados”, exemplificou Letícia.
Ela também abordou a jornada do herói e reforçou a importância de não nos sobrecarregarmos sendo agentes de transformação. “É importante respeitar o nível de consciência e autoconhecimento de cada pessoa. Algumas serão inspiradas pelo exemplo e pela pequena semente plantada. É um trabalho contínuo de treinamento, engajamento e comunicação, não de convencimento direto da equipe”.
A educação como ferramenta de mudança
Helena Do Val compartilhou insights valiosos sobre educação regenerativa e sua experiência na gestão da EcoUni: “Não vejo a educação de forma institucional, mas como troca de conhecimento e aprendizagem dentro de qualquer contexto. Quando colocamos lentes plurais, de diferentes culturas, circunstâncias e histórias, para dialogar, percebemos que nada se faz sozinho”.
Sua vivência na Amazônia com 300 mulheres artesãs ilustra bem esse conceito: “Um dos ensinamentos mais fortes que recebi, além do senso de comunidade, foi o de desaprender. A gente precisa aprender a desaprender para aprender diferente”. Ela também explicou que todo mundo pode ser agente de transformação a partir dos próprios hábitos ao buscar gerar mais impacto positivo e reduzir o negativo, lembrando que tudo começa nos pequenos ciclos.
A visão do próprio Sistema B
Cinthia Gherardi, coCEO do Sistema B Brasil, trouxe a perspectiva da própria rede que certifica as empresas: “Quando falamos de uma estratégia climática, ela tem que estar conectada a tudo o que a empresa faz, seu jeito de pensar e seu olhar. Essa interdependência é a essência do Sistema B”.
Ela ressaltou que, no mundo corporativo e na vida pessoal, dentro do possível, não podemos nos pautar apenas pelo menor preço nem ignorar toda a cadeia de valor. E usou como exemplo os alimentos orgânicos, que muitas vezes parecem caros porque contabilizam externalidades, como a remuneração justa das pessoas trabalhadoras, enquanto o produto convencional que acaba sendo barato demais.
Cinthia também antecipou novidades no processo de certificação do Sistema B: “A certificação está mudando completamente. A partir do ano que vem, o processo será atualizado para incorporar temas emergentes e levar em consideração a experiência do usuário, legitimando o impacto interno da empresa, e não apenas o fato de ter uma pontuação. Esse impacto é holístico: não adianta focar no descarte correto de resíduos, mas não olhar para os direitos humanos, por exemplo”.
Perguntas do público: desafios reais das empresas conectadas ao Sistema B
Além das questões individuais dirigidas a cada speaker do painel, as perguntas coletivas revelaram convergências fundamentais: a urgência climática exige mudança cultural consistente, especialmente diante do Dia da Sobrecarga da Terra, que a cada ano chega mais cedo; resistências se quebram por meio de narrativas com propósito e vivências práticas; e a mentalidade regenerativa se cultiva com educação, diversidade e trabalho consistente que planta sementes de transformação.

O Café B incluiu um momento rico de interação, em que profissionais compartilharam seus desafios e fizeram perguntas a participantes do painel. Três dilemas centrais foram apontados:
- Como acelerar a consciência regenerativa em lideranças pressionadas por resultados? (Resposta: estabelecer metas claras e sistemas rigorosos de monitoramento);
- Como alcançar e engajar empresas ainda resistentes ao tema ESG? (Resposta: apresentar dados pragmáticos e cases de sucesso concretos);
- Como lidar com o cansaço gerado pela “autoprovação” constante? (Resposta: implementar pequenas iniciativas que se transformem em casos reais e inspiradores de impacto).
Principais aprendizados do Café B, o evento oficial do Sistema B
Elaine Dantas encerrou o encontro com três mensagens centrais para as empresas certificadas pelo Sistema B e para aquelas que desejam fazer parte dessa rede tão essencial: empresas vivas regeneram em vez de esgotar, uma mudança de paradigma fundamental; barreiras só se superam com paciência e união, pois a colaboração é indispensável; e, por fim, experiências transformadoras nascem quando saímos da zona de conforto, já que a vivência prática muda tudo.
A CHRO da Copastur também aproveitou para agradecer a presença de speakers e participantes e a equipe que trabalhou para fazer esse evento incrível acontecer. Ao final, as pessoas tiveram mais um momento de networking, junto a um café delicioso, e levaram para casa um mimo de outra Empresa B certificada!
O futuro das Empresas B e do Sistema B no Brasil
Com mais de 330 Empresas B certificadas no Brasil até o momento, o movimento vem se consolidando cada vez mais. O Sistema B está transformando o cenário empresarial brasileiro. Companhias que equilibram lucro e impacto socioambiental positivo não são mais exceção, são a tendência dominante. E eventos como o Café B na Copastur provam que esse futuro já começou.
E a sua empresa, está pronta para fazer parte dessa transformação? Junte-se ao propósito e inspire-se em quem já está trilhando o caminho!